segunda-feira, 13 de maio de 2002

Ainda sobre o mesmo tema (o nº 2, o silêncio).


O Silêncio

Há um grande silêncio que está sempre à escuta...

E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa, qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!

E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o silêncio escuta...
e cala.


(Mario Quintana – Esconderijos do Tempo)
Sobre o silêncio.
Curiosidade: numa entrevista que vi hoje, Jeanne Moreau contava que quando conversava com o Truffaut, ele permanecia calado, como se nem estivesse ouvindo. E, depois, mandava uma carta para ela, dizendo tudo o que havia pensado.

Parece com alguém que conheço.
A cada dia descubro que mais pessoas realmente lêem isso aqui. Que coisa, né? Mas, o mais engraçado é que nós, eu e meus sábios amigos, temos mantido conversas através dos blogs. Um manda um recado pelo seu blog, o outro responde no próprio blog. Nada de e-mail ou comunicações mais diretas. Isso é legal! A gente passa a ler uns aos outros cada vez mais. E quem está de fora pode acompanhar os assuntos, passeando pelos blogs.
Isso aqui tem ficado muito íntimo. Mais do que eu esperava. É que estou tomado pelo impulso de pensar a vida e as relações. Pensar como as vidas das pessoas se conectam; as ligações, com seus aspectos mais ou menos interessantes. Talvez isso seja reflexo das mudanças em minha vida; o que contrasta com a permanência das pessoas, e me emociona. Talvez seja pelo surgimento de novos interesses, gerados por uma nova vida, novos amigos, um novo amor. Talvez seja a retomada de interesses meus, já antigos, que renascem, mais velhos, em mim mais velho. Talvez seja só um momento. Só. Mas, penso. E apenas espero não ultrapassar o limite de quem lê.