sexta-feira, 24 de maio de 2002

Diálogo infeliz

Créia: - Ele está querendo fazer algum trabalho.
Boli: - Também estou querendo fazer alguma coisa. Só não sei o que.
Créia: - Você também quer ser ator?
Boli: (sem pensar, solta) - Não. Credo.
PLÁGIO

Copiei isso da Lady Bug. Expressa direitinho o que sinto agora.

Cortei o cabelo! Estou feliz! Fico feliz quando corto o cabelo. E adoro dias frios e ensolarados.
Entre as palavras, achei meu lugar.
Hoje, a inspiração anda de ônibus. Estão as musas assim tão urbanas? Nada mais de verdes prados e velhas arcádias.

Imagino uma musa de calças e chapéu xadrezes, blusa de plush – marrom –, olhando um micro-ondas na Mesbla.
Essa coisa da Adélia (a Prado) gostar de amor feinho não dá certo. Não. Eu só encontro dos bonitos (bonitos só. não maravilhas de cinema; disso eu não gosto). O resto vale, é igual.


Amor feinho

Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé,
não teologa mais.
Duro e forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero um amor feinho.


(Adélia Prado – Bagagem)
Psicórdica

Vamos dormir juntos, meu bem,
sem sérias patologias.
Meu amor é este ar tristonho
que eu faço pra te afligir,
um par de fronhas antigas
onde eu bordei nossos nomes
com ponto cheio de suspiro.

(Adélia Prado – Bagagem)



I´d like to add his initial to my monogram

(George & Ira Gershwin – Some one to watch over me)
Minha mãe fazia bandejas japonesas. Laca vermelha, flores de pessegueiro.

Esta manhã, quando acordei, com frio e pijama preto, olhei pela janela e me vi oriental. Com minhas roupas quentes e confortáveis. Ajoelhado sobre uma almofada, servindo ban-chá para o meu amor. Quente e doce. Vi-me gueixa.

Bandejas japonesas. Laca vermelha, flores de pessegueiro.
Estou perdendo as machezas. Essas bobagens que tolhem, inibem a gente. Vergonhas sem razão, só ser. Não quero sê-las.