segunda-feira, 25 de setembro de 2006

- Ratinho dentuço
Que cavuca a parede,
que barra a brisa
que destrói a nuvem,
que cobre o luar
Declaro ser o seu mais lindo amante
Com você eu quero me casar
Fazer da natureza o nosso altar

- Rato meu querido rato
Eu que sou assim de fino trato
Pra selar este contrato
O meu faro é tão certeiro
Com você vou ser feliz
Mesmo não sendo perfeito
Eu sou o rei eleito
Fico aqui todo sem jeito
Esperando um grande queijo (ops!)
Esperando um grande beijo

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

sambando de cócoras, em terra de sapo

Fui fazer o teste para entrar no curso de flamengo, e me saí muito bem. U-huu, aêêê!!! Então, certo flamengo me disse que a "mãe flandres" ficará sempre grata pelos meus esforços em aprender "essa língua de sapos". Segue minha resposta, a este e outros assuntos.


"desde seu último e-mail, fiquei pensando pensando sobre sua "língua de sapos"... eu tenho que confessar que vejo no flamengo alguns encantos, embora não seja uma língua cantante, como as latinas. Seja como for, eu não poderia estudar flamengo, inglês e francês, tudo ao mesmo tempo, pois senão o doutorado que é bom, necas de pitibiriba. E, como diz o Chico Buarque, em terra de sapo, a gente samba de cócoras. Seguindo as leis da casa, vou de neerlandês.

E olha que nem ando "cantando e sambando na lama, de sapato branco", quanto menos "cambaleando, sapateando no toró", porque a chuva há muito nos abandonou. Os dias seguem cada vez mais quentes, e animados. O trabalho vai bem, e estou confiante que no fim dará certo; por enquanto, "a voz é rouca, mas o mote é bom".

Só espero que o frio ainda tarde; e que quando ele chegar eu não me valha do legado (e das desculpas esfarrapadas) do François Villon, para fugir à labuta:

Depois que o senso foi reposto
E o juízo recuperado,
Eu cuidei de findar o proposto;
E achei o tinteiro gelado
E tambémo círio apagado;
Fogo? Não tinha onde encontrar.
Assim, dormi, todo embrulhado,
E não houve como findar.

Findando o assunto, não fui à festa do sédisetembro, na Embaixada, pois fiquei "vexado" de não ir "bem apessoado" (como diria Noel, "não custa nada preencher formalidade, tamborim pra batucada, soirée pra sociedade"). Quando fui comprar um "um pano legal", me dei conta que o dinheiro já estava no fim. Peço desculpas à sua Senhora, pelo esforço em vão.

Aproveite bem, e continue a mandar notícias. Quero saber se aí na terra tão jogando futebol, se tem muito samba, muito choro e rock 'n roll; se uns dias chove, outros dias bate... antes que eu tenha que lhe dizer, que coisa aqui tá preta...

Mando um abraço para os seus
Um beijo na família, na esposa e nas crianças,
A todo pessoal,

Adeus!

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

FEIJOADA

Onde está o broca??


terça-feira, 5 de setembro de 2006

Afro-american broca,

assim você me mata. Já morro, naturalmente, de saudades da península, da ibérica e de outras tantas; perdido que estou nessa terra de bárbaros. A saudade é tanta que corro o risco de provar as ostras nativas...

Aqui, é época de moules, ou mousselen, se você preferir o flamengo ao francês. Mexilhão, no bom português. Já comi moules da França, e da Zelândia. As da zelândia, dizem, estão a cada estação piores e menores (tem umas que você precisa de lupa pra achar), e os produtores colocam a culpa no tempo, no governo, em qualquer um que estiver passando pela frente. Depois de anos desaparecidas, as moules belgas voltarão ao mercado, em breve. Vamos experimentar. Mas, não espero grande coisa, pois, como é sabido, fora as ameixas, fritas e o chocolate, nada da bel-zica é bom. A carne não tem gosto. Os tomates são pura àgua. As maçãs... bem, para as maçãs inventaram uma moda, a da maçã crocante: crocante e saborosa como uma prancha de isopor.

As cerejas estiveram ótimas. Mas, já passou a época.

O bom daqui é que é fácil encontrar comida de qualquer lugar. Então, no supermercadinho, ou no supermercadão, podemos encontrar desde carnes ruins, como a belga e a australiana, até excelentes, como a brasileira e a argentina. Tem mandioca da África, pequi brasileiro, café do sul da Bahia ou de Lambari, chá chinês e vizinhas de Taiwan, que são umas gracinhas.

O povo, em geral, não come muito, e bebe demais. Eles tomam café da manhã, comem um sanduiche meio-dia, e jantam - bife com fritas, moules com fritas, croquete com fritas, qualquer coisa com fritas, ou macarrão. Sempre macarrão. Comida em restaurante não é lá grandes coisas. E, um croque-monsieur (um misto quente bem normalzinho), custa uns 4 euros. E nem chega aos pés dos nossos iche iches.

Os queijos são ótimos, mas esqueça que existe boa mussarela no mundo. A melhor daqui é pura borracha. Por isso, ainda não me atrevi a experimentar uma pizza. Para essas coisas, em geral se usa um ementhal jovem.O melhor queijo que comi, foi um de cabra, jovem e espanhol - humm, delícia. E um pyrenée de leite de vaca. Bom também.

Tenho bebido vinho espanhol, francês e muito, mas muito, muito mesmo vinho argentino. Alguns excelentes, por sinal.

Já as ameixas, existe quase que uma variedade para cada cidade. Imagino que quase todas inventadas artificialmente. Pois, as coisas aqui são tão artificiais que surgiu a moda da comida "biológica", ou seja, comida de verdade. Tem um tipo de vaca belga, por exemplo, que tem uma bunda tão grande, que quase nunca a levam ao pasto. Toda vez que minha recém-amiga carioca diz que, aqui, sempre aparece uma vaca no nosso caminho, lembro dessas vacas; embora ela se refira a "essaish vacaish; sempre mulhereish e flamengaish"...

Outro dia, fui num aniversário. Muita feijoada, das boas, farofa, vinagrete e COUVEEEE!!! Ataquei a couve com toda a minha vontade. Que decepção. Nem pra de Bruxelas aquela couve servia... Parecia chicória (chicon, não sei se em flamengo essa chicon do café é a witloof que usamos na salada) torrada, que os velhos colocam no café ralo, para parecer forte. Era algo aguado, e meio azedo.

O difícil também é viver sozinho. Pois comprar enormes quantidades sai muito mais barato que comprar minúsculas quantidades de qualquer coisa. Hoje, por exemplo, tenho um quilo de witloof na geladeira, e meio quilo de ameixas roxas. Isso depois de ter comido duas caixas de champignons e um monte de mexerica (ou mexirica ou mixirica, dependendo do seu corpo-lheis) africanas.

E, por fim, qualquer coisa aquí, é diferente daí, ou d'acolá. O shoyu escuro é doce e com pouco sal. Nem imagino o light...

Por falar em light, nada aqui é light, fora refrigerante (aproveitando, aquí tem coca baunilha, será bom?). Dificilmente se acha um adoçante como os daí. E é sempre caro. Por isso, adotei os torrões de açúcar. Depois de quase dois meses usando o de beterraba, comprei os de cana, e achei muito doce. Digo, o açúcar "como" o nosso, pois també comprei o candi, "como" o oriental.

Adorei o candi belga - são pedrinhas de açúcar de tamanho e forma irregulares, que existem nas cores branco (translúcido), ambar e preto. O âmbar fica lindo dentro do chá... e ele não adoça tanto.

No mais, vou levando. Saudades dos meus, beijos nos seus.

René

sexta-feira, 1 de setembro de 2006


O nome da ameixa verde é Reine Claude. La Reina Clódia.
Ela é boa de comer.