terça-feira, 29 de novembro de 2005

Caros amigos e familiares,

É com alegria e satisfação que agradecemos os alvissareiros votos e congratulações, recebidos em função da feliz natividade. Avisamos que os gêmeos são dois miúdos sacudidos, saudáveis, espertos, e bem gordinhos. Calmos, não reclamam de nada; e como não poderia deixar de ser, mamam o dia todo. E, a quem quiser conhecê-los, Otto e Ana avisam que estarão recebendo visitas, das 12 às 18 horas, na maternidade, onde permanecem ao lado da mãe. Presentes, cartões e telegramas deverão ser enviados à nossa residência. Exultantes, agradecemos.

René, Otto, Ana, e mamãe.

(Daniel e Letícia também)

sábado, 19 de novembro de 2005

Os selvagens pintam-se e adornam-se reciprocamente, mas são as mulheres que tingem os homens, desenhando mil primores, tais como linhas, ondas e coisas assim semelhantes, em traços tão miúdos, que mais não é possível.

Não diz nenhum livro que existam outros povos com o mesmo costume. É exato que os citas, quando iam visitar seus amigos, por ocasião da morte de alguém, pintavam as faces. As mulheres da Turquia esmaltam as unhas com uma espécie de tinta vermelha ou persa, julgando, desse modo, que se tornam mais belas; mas não tingem o resto do corpo.

As mulheres americanas não tingem o rosto e o corpo de seus filhos apenas de negro, mas de várias outras cores, especialmente uma que se assemelha ao boli armênio. Essa última tinta é fabricada de uma terra gorda como a argila, que dura por espaço de quatro dias. As índias pintam-se as pernas com uma tinta de cor igual ao boli armênio, de modo que, ao vê-las de longe, julgar-se-á que estão metidas em belas calças de fina estamenha preta.

(André Thevet - Singularidades da França Antártica - 1557)

tão inusitada quanto clara rockmore,
pitoresca como um theremin,

segunda-feira, 7 de novembro de 2005

(Vista do Cantão - Vingboons-atlas)
Prazer do mercador
O viajante dos mares cavalga o vento celeste
que transporta seu barco a países longínquos
sem deixar rasto,
como o pássaro nas nuvens.
(Li Po)
Despedida (Acompanhando um amigo)

A verde montanha se estende para além da Muralha Norte.
Brancas águas cercam a Muralha Leste.
Quando aqui nos separamos,
sereis a erva aquática vogando para grandes distâncias.

As nuvens errantes me farão pensar em quem viaja.
O sol poente me recordará o antigo amigo.
Já vos afastais e acenamos com as mãos.
Nossos cavalos, um para o outro, relincham tristemente.

(Li Po)
(Montanha no Verão - atribuída a Qu Ding)



Prazeres de uma noite de verão

Afastamo-nos da montanha azul e a lua nos acompanha.
O orvalho torna pesada as mangas de nossa roupa.
Voltamo-nos para avaliar a distância percorrida:
mas uma bruma esbranquiçada afoga o campo.

De mãos dadas, aqui estamos diante da casa rústica
onde os amigos nos esperam.

Agora caminhamos ao longo de uma alameda bordada de bambus
que nos roçam, quando passamos.

Estamos todos reunidos! Que felicidade!
Servem-me vinho perfumado. Canto a canção do "Vento nos Pinheiros".
Os rouxinóis, as rãs e os insetos cantam também, ao mesmo tempo.


(Li Po)