quinta-feira, 6 de junho de 2002

E um riso

Encontrei isto num desses blogs da vida. É pura bobagem...


Frase 2 do dia do site:
Tem que ter estilo para ser "jogada no vento" coberta de brincos, colares e anéis maravilhosos.

juro, não consigo parar de rir....
Um enigma

Recebi esta mensagem hoje, e fiquei realmente bobo, e feliz, contente, agradecido, envaidecido mesmo.

Há, há, há!!!! pensou que era mais um fã? Sou eu, bobo, só estou mandando um oi e queria falar que seu blog é realmente liiindo! Uma pista: eu sou parente da dona desse endereço que te manda o mail, você conhece mais alguém com sobrenome "Luz"?

Mil beijos...


Fiquei pensando, quem será, oh!, quem será?!? É você, oh, Mannuella?? - a única luz que vem à minha cabeça agora.

Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.


Tento impressionar demais. Expor-me demais. Existir demais. Ser demais. Ter demais. Sempre. Sempre eu, e mais do que eu.
Mas devia tentar menos, cada vez menos, até me apagar.


APAGUE AS PEGADAS

Separe-se de seus amigos na estação
De manhã vá à cidade de casaco abotoado
Procure alojamento, e quando seu camarada bater:
Não, oh, não abra a porta
Mas sim
Apague as pegadas!

Se encontrar seus pais na cidade de Hamburgo ou em outro [lugar
Passe por eles como um estranho, vire na esquina, não os [reconheça
Abaixe sobre o rosto o chapéu que eles lhe deram
Não, oh, não mostre seu rosto
Mas sim
Apague as pegadas!

Coma a carne que aí está. Não poupe.
Entre em qualquer casa quando chover, sente em qualquer [cadeira
Mas não permaneça sentado. E não esqueça seu chapéu.
Estou lhe dizendo:
Apague as pegadas!

O que você disser, não diga duas vezes.
Encontrando o seu pensamento em outra pessoa: negue-o.
Quem não escreveu sua assinatura, quem não deixou [retrato
Quem não estava presente, quem nada falou
Como poderão apanhá-lo?
Apague as pegadas!

Cuide, quando pensar em morrer
Para que não haja sepultura revelando onde jaz
Com uma clara inscrição a lhe denunciar
E o ano de sua morte a lhe entregar
Mais uma vez:
Apague as pegadas!

(Assim me foi ensinado.)



(Bertold Becht)
Mas, se o Encontro, ali, foi com a Senhora Prudência, antes, foi a figura da História.

... que o encontro com a história se faça viajem.


Encontro

Era uma dessas mulheres que não se usam mais.
Vestes de trevas e vidrilhos.
Cabeleira trágica.
Olheiras suspeitas.
O grito horizontal da boca surgiu da noite.
Sumiu pela última porta do poema.


(Mario Quintana - Esconderijos do Tempo)



Viagem

Viajar! Perder paises!
Ser outro constantemente
Por a alma não ter raízes.
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E da ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem!
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é terra e céu.


(Fernando Pessoa - Mensagem)
A prudência de Willian Blake, de velha, feia e rica, lembrou-me o poema Encontro, do Mario Quintana. (ver o próximo post)