terça-feira, 4 de junho de 2002

Outro dia desses, minha irmã (foto: ) comentou que esse negócio de blog é uma coisa de adolescente, uma agendinha boba. Detestei o comentário. Tudo bem que estou muito longe de concretizar o intento original desta página eletrônica, que era ter um espaço para escrever coisas que poderiam ser boas para outras pessoas (mesmo porque, cá prá nós, isso tudo é muito pretencioso). Mas, agendinha?? Acho que, às vezes, conseguimos ir além disso. Bom... já que é assim, vamos ao post de hoje.

Querido diário,

Sei que estou sumido, que não tenho escrito muito. Perdoe-me, mas isto se deve, quase exclusivamente, ao feriado. Pois bem, falemos dele, então.

Fui visitar a minha mãe. Não fui só, fui acompanhado do Linus (nossa segunda lua-de-mel). Foi ótimo para nós, e para minha mãe também.

Para mim foi muito bom, pois além de tomar chás feitos com ervas colhidas na hora, de assar pão de queijo caseiro, fazer um monte de comidas boas e passar um friozinho (e ter um par de pés para esquentar o meu), pude voltar às minhas raízes. Quer dizer, levando em conta que moro em minha cidade natal, e que minha mãe foi quem de lá se mudou, ir para a casa dela foi como voltar pro útero. Enfim, foi como deixar de ser uma vaca sem sino...

Estes dias assistimos a muitos filmes. Farei comentários sobre eles depois, mas, agora, neste post familiar, vou falar somente de um: A Partilha.



ADOREI!!! Despretencioso e delicioso. Resolvi assitir ao filme após ter comprado sua trilha em CD (por apenas 3 reais, creia, meu diário). O CD é tão bom quanto o filme - tem até a desaparecida Lady Zu. Mas, depois de rir muito, tive um pequeno acesso emotivo. Senti saudades de meus irmãos, sobretudo de meu distante irmão. Fiquei pensando nos pequenos desentendimentos cotidianos (ou quotidianos, à portuguesa??) que atrapalham a nossa convivência. Em como evitá-los. Resultado: descobri que uma das melhores e piores coisas que há em uma família é: a familiaridade. (risos, amarelos)

Claro!!! Dentro da família nos damos a liberdade de falar e ser o que queremos, e, às vezes, essa licença ultrapassa todos os limites recomendáveis. Logo, para viver bem em família, há que se ter muita virtude, né meis?

Virtude. Parece-me a palavra chave. Pois, sendo rasteiro, a virtude é justamente aquilo que nos dá o bom entendimento dos limites, uma vez que, uma virtude, quando é excessivamente (para mais ou para menos) empregada, pode resultar em seu contrário. Exemplifico. Com a Prudência, a virtude que mais tenho tentado exercer.

A Prudência é a capacidade de sabermos como agir, quando agir e até quando agir. Uma pessoa prudente deve, para melhor agir, conhecer bem a situação em que se encontra e a si mesma (nas alegorias antigas, ela se olha em um espelho), além de escutar os conselhos dos sábios, e as palavras da experiência. Mas, ela não deve se deter por muito tempo nessa análise de conjunturas: toda ação possui um tempo correto de duração e um momento específico para ocorrer. Esperar muito, analisar muito a situação, na tentativa de ser prudente, leva à paralisia; ou seja, à imprudência de perder a Hora (palavra mais do Pessoa, né?), de ficar para trás - junto de tudo aquilo que pereceu, que arruinou-se - na passagem do cortejo do tempo. Quem espera nunca alcança. Ser precipitado? Outra imprudência: executar as coisas antes de seu ponto de amadurecimento - como diz o ditado: o apressado come cru. Deu pra entender??... as virtudes são um fio de navalha. E, das lâminas, a melhor nos assuntos de família (forte, né?).

Bom, já começo a me embolar, querido diário. E a escrever demais, com tão pouca qualidade. Então, seremos prudentes: Até a próxima!