sexta-feira, 24 de maio de 2002

Essa coisa da Adélia (a Prado) gostar de amor feinho não dá certo. Não. Eu só encontro dos bonitos (bonitos só. não maravilhas de cinema; disso eu não gosto). O resto vale, é igual.


Amor feinho

Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé,
não teologa mais.
Duro e forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero um amor feinho.


(Adélia Prado – Bagagem)

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