quinta-feira, 1 de agosto de 2002

23:57. Pela janela vejo uma lua nascer. Crescente. Enorme como a cheia, mas cortada ao meio. Exata, como que se a esconder. Intensamente vermelha, como em fogo. Ela, à medida em que sobe, torna a mim, que estou do lado de cá da janela, alheio àquilo que vem me ocupando. Assim, vou deixando de lado loucos holandeses que vierem ao Brasil para, com índios, ornar palácios dinamarqueses, e francesa tapeçaria. Perco uma ilusão: a de reconstituir o passado.

modinha

não, não pode mais meu coração
viver assim dilacerado
escravizado a uma ilusão
que é só desilusão
ah!, não seja a vida sempre assim
como um luar desesperado
a derramar melancolia em mim
poesia em mim
vai triste canção, sai do meu peito
e semeia a emoção
que mora dentro do meu coração.

(tom jobim - vinícius de morais)



(Os Pescadores, tapeçaria.
Manufacture des Gobelins. Paris, séc. XVII)

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