sexta-feira, 6 de setembro de 2002

Para Heloisa

Há alguém, todos o sabem, a quem admiro. Alguém para quem um dia olhei como quem olha um quadro. Na sua imagem busquei um exemplo de conduta: a ética da profissão, a estética do bem viver. E o que me mostrou, na face, foi um espelho: a imagem refletida e profética do que poderei ser. Encorajando-me, é uma casa de espelhos, num parque de diversões; espelhos que me fazem sentir maior, ou melhor. Algo a mais do que sou. Mas, o que vi, e ela não sabe, foi uma delicadeza, uma sensibilidade tamanha que comovem; a mim, e a quem me ouve dela falar. Por fim espero que, um dia, ela descubra: posso retribuir; e no momento certo refletir-lhe, em meu rosto, a força que dela veio. No entanto, por hora eu canto...

se meu mundo cair, então
caia devagar
não que eu queira assistir sem saber evitar
cai por cima de mim
quem vai se machucar
ou surfar sobre a dor até o fim
cola em mim até ouvir
coração no coração
o umbigo tem frio e arrepio de sentir
o que fica prá trás
até perder o chão
ter o mundo na mão
sem ter mais onde se segurar
se meu mundo cair
eu que aprenda a levitar

(José Miguel Wisnik)




(Auto-Retrato - Norman Rockwell)


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