sexta-feira, 26 de agosto de 2005

- Mas nós que vivemos no corpo vemos com a imaginação do corpo as coisas desenhadas a traço. Vejo rochas ao sol claro. Não posso levar esses fatos para dentro de alguma caverna e, tapando os olhos, fundir seus amarelos, azuis e cor de ferrugem em uma só substância. Não posso ficar muito tempo sentada. Preciso levantar-me de um salto e partir... Solto todos esses fatos - diamantes, mãos mirradas, potes de porcelana e o resto - como um macaco solta nozes de suas mãos peladas. Não posso dizer-lhes se a vida é isso ou aquilo. Vou sair para a multidão heterogênea. Serei golpeada; erguida e baixada entre os homens, como um navio no mar.

(As Ondas - Virgina Woolf)

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