domingo, 9 de junho de 2002



Claude Debussy - Estou aqui, faz um bom tempo, tentando escrever uma pequena resenha impessoal sobre a obra de Debussy para este blog... inútil. Tudo o que escrevo me parece artificial, ou pequeno, pobre. Talvez porque sua obra me toque tão intimamente que desfaz o peso do meu corpo, e converte minha existência em som. Talvez porque sua música me soe tão fantástica... Fantástica; excelente palavra para descrever a obra de Debussy, e sua tentativa de ultrapassar o legado do romantismo na tradição musical francesa. Envolvido com as propostas estéticas de artistas como Mallarmé, Baudelaire, Verlaine, Camille Claudel, Poe, Debussy criou imagens sonoras de mundos exóticos e fantásticos, condensando sensações em sons. Afirmando-se veementemente como músico francês (opondo-se à onda wagneriana que inundava as salas de concerto), transformou sua obra numa das mais idílicas expressões do cosmopolitanismo parisiense. Incorporou à escrita musical ocidental sons orientais, como da música japonesa e das ilhas do pacífico. Buscou temas exóticos e sensoriais, como as estórias de ninfas, de faunos gregos e de casais da mitologia indiana. Buscando novas perspectivas musicais, e a criação de uma ambiência sonora encantada mas não sentimentalista ou caricata, Debussy absorveu com seu ouvido francês toda música, literatura, escultura, toda a arte que encontrou em seus colegas, e que viu nas exposições mundiais de Paris; mas não tentou reproduzir tais elementos estéticos, mas sim, utilizar seus recursos na criação de uma arte própria... tão fantástica quanto as viagens sensoriais e imaginárias que experimentamos ao descansar os olhos sobre estampas postais que representam lugares distantes e desconhecidos. Ignotos.

Na falta de um link para Estampes - minha preferida -, ouça o prelúdio A Catedral Submersa

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