A Janela para a Rua
Aquele que vive só, e que contudo deseja de vez em quando se vincular a algo; aquele que, considerando as mudanças do dia, do tempo, do estado de seus negócios e outras coisas, deseja de súbito ver um braço ao qual poderia aferrar-se, não está em condições de viver muito tempo sem uma janela que dê para a rua. E se lhe agrada não desejar nada, e apenas se aproxima da janela como um homem cansado cujo olhar oscila entre o público e o céu, e não quer olhar para fora, e deitou a cabeça um pouco para trás, contudo, apesar de tudo isso, os cavalos lá debaixo acabariam por arrastá-lo em sua caravana de carros e seu tumulto, e assim finalmente na harmonia humana.
(Franz Kafka – Contemplação)
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