terça-feira, 28 de outubro de 2003

de repente, descobri que as pessoas se querem escritoras ou poetas. querem jorrar textos não por ofício, ou amor à forma, à letra, à arte, à vida, ou ao que seja. escrevem por amor a si mesmas. e por desejar, do mundo, que mais amor recaia sobre si. então, me deixem – que não sou nada disso não. não sou poeta, não sou escritor, não sou gente que quer o amor do mundo. não escrevo por amor – às palavras, às coisas, à vida. mesmo que escrever faça parte de meu ofício, não o faço por arte ou atenção, mas pela necessidade. necessidade de sobreviver. necessidade de ser alguém, que faz alguma coisa, qualquer. por isso, nem sequer escrevo. só faço o que me dá um pouco de prazer, o que me faz ser alguém. mesmo que sem certeza alguma.

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