domingo, 12 de maio de 2002

Já que estou no meio desta enxurrada de dedicatórias – e com Divinópolis na cabeça -, dedico, a todos os visitantes da janela, um poema.

Momento

Enquanto eu fiquei alegre, permaneceram
um bule azul com um descascado no bico,
uma garrafa de pimenta pelo meio,
um latido e um céu limpidíssimo
com recém-feitas estrelas.
Resistiram nos seus lugares, em seus ofícios,
constituindo o mundo para mim, anteparo
para o que foi um acontecimento:
súbito é bom ter um corpo pra rir
e sacudir a cabeça. A vida é mais tempo
alegre do que triste. Melhor é ser.

(Adélia Prado – Bagagem)

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