Naqueles que não têm o amor, a música expulsa o ódio. Aos desassossegados traz paz, consola os que choram. Os que não têm compreensão, acham novos caminhos. E naqueles rejeitados pelos homens, nasce uma nova confiança e esperança.
quarta-feira, 29 de maio de 2002
Bom, já que o assunto é música, encontrei este texto de Pablo Casals, um dos maiores violoncelistas do século XX, no livrinho que ganhei de meu Lindus.
Naqueles que não têm o amor, a música expulsa o ódio. Aos desassossegados traz paz, consola os que choram. Os que não têm compreensão, acham novos caminhos. E naqueles rejeitados pelos homens, nasce uma nova confiança e esperança.
Naqueles que não têm o amor, a música expulsa o ódio. Aos desassossegados traz paz, consola os que choram. Os que não têm compreensão, acham novos caminhos. E naqueles rejeitados pelos homens, nasce uma nova confiança e esperança.
Quê isso???? Estou me identificando totalmente com o blog da Lady Bug. Desta vez, ela publicou a letra de uma das canções que mais gosto. Stormy Weather; interpretada por ninguém menos que Billie Holiday. É arrebatadora principalmente o primeiro verso. Bom, aqui está (meu mais novo plágio).
Stormy Weather
Don't know why
There's no sun up in the sky
Stormy weather
Since my man and I ain't together
Keeps rainin' all of the time
Life is bare
Gloom and misery everywhere
Stormy weather
Just can't get my poor self together
I'm weary all the time
All the time
So weary all of the time
When you went away
The blues stepped up and met me
If he's gone to stay
That old rocking chair's going to get me
Every night I pray
That the Lord above will let me
Walk in the sunlight once more
I can't go on
Everything I had is gone
Stormy weather
Since my man and I ain't together
Keeps rainin' all of the time
Keeps rainin' all of the time
(Ted Koehler / Harold Arlen)
Stormy Weather
Don't know why
There's no sun up in the sky
Stormy weather
Since my man and I ain't together
Keeps rainin' all of the time
Life is bare
Gloom and misery everywhere
Stormy weather
Just can't get my poor self together
I'm weary all the time
All the time
So weary all of the time
When you went away
The blues stepped up and met me
If he's gone to stay
That old rocking chair's going to get me
Every night I pray
That the Lord above will let me
Walk in the sunlight once more
I can't go on
Everything I had is gone
Stormy weather
Since my man and I ain't together
Keeps rainin' all of the time
Keeps rainin' all of the time
(Ted Koehler / Harold Arlen)
terça-feira, 28 de maio de 2002
segunda-feira, 27 de maio de 2002
domingo, 26 de maio de 2002
Assisti novamente o filme A Flor do Meu Segredo (Pedro Almodóvar – 1995). Já tinha me esquecido de quão bom é esse filme. Lembro que, quando fui vê-lo no cinema, fiquei em uma sala cheia daquelas pessoas obsedadas e que relutam a se envolver com as coisas. Resultado: eu e Marcie ficamos rindo sozinhos das pequenas e hilárias tiradas do filme – como a primeira seqüência e a cena do Soleá –, e, quando saímos, ouvimos vários comentários depreciativos desse mesmo povinho. Não, não... Se o mar tem o coral, a estrela, o caramujo e um galeão no lodo, porquê ficar boiando na superfície?
Um parte do filme que da primeira vez não me chamou a atenção e que, agora, achei bem interessante é a da conversa entre a protagonista e sua mãe, na cidade onde nasceram. Mas não vou reproduzir esse diálogo, é muito melhor assistir o no filme.
Rodd: a fala dessa mãezona espanhola vale para situações (a)diversas. Não seja uma vaca sem sino. Volte para cá de vez em quando.
sexta-feira, 24 de maio de 2002
PLÁGIO
Copiei isso da Lady Bug. Expressa direitinho o que sinto agora.
Cortei o cabelo! Estou feliz! Fico feliz quando corto o cabelo. E adoro dias frios e ensolarados.
Copiei isso da Lady Bug. Expressa direitinho o que sinto agora.
Cortei o cabelo! Estou feliz! Fico feliz quando corto o cabelo. E adoro dias frios e ensolarados.
Essa coisa da Adélia (a Prado) gostar de amor feinho não dá certo. Não. Eu só encontro dos bonitos (bonitos só. não maravilhas de cinema; disso eu não gosto). O resto vale, é igual.
Amor feinho
Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé,
não teologa mais.
Duro e forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero um amor feinho.
(Adélia Prado – Bagagem)
Amor feinho
Eu quero amor feinho.
Amor feinho não olha um pro outro.
Uma vez encontrado é igual fé,
não teologa mais.
Duro e forte, o amor feinho é magro, doido por sexo
e filhos tem os quantos haja.
Tudo que não fala, faz.
Planta beijo de três cores ao redor da casa
e saudade roxa e branca,
da comum e da dobrada.
Amor feinho é bom porque não fica velho.
Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:
eu sou homem você é mulher.
Amor feinho não tem ilusão,
o que ele tem é esperança:
eu quero um amor feinho.
(Adélia Prado – Bagagem)
Psicórdica
Vamos dormir juntos, meu bem,
sem sérias patologias.
Meu amor é este ar tristonho
que eu faço pra te afligir,
um par de fronhas antigas
onde eu bordei nossos nomes
com ponto cheio de suspiro.
(Adélia Prado – Bagagem)
I´d like to add his initial to my monogram
(George & Ira Gershwin – Some one to watch over me)
Vamos dormir juntos, meu bem,
sem sérias patologias.
Meu amor é este ar tristonho
que eu faço pra te afligir,
um par de fronhas antigas
onde eu bordei nossos nomes
com ponto cheio de suspiro.
(Adélia Prado – Bagagem)
I´d like to add his initial to my monogram
(George & Ira Gershwin – Some one to watch over me)
Minha mãe fazia bandejas japonesas. Laca vermelha, flores de pessegueiro.
Esta manhã, quando acordei, com frio e pijama preto, olhei pela janela e me vi oriental. Com minhas roupas quentes e confortáveis. Ajoelhado sobre uma almofada, servindo ban-chá para o meu amor. Quente e doce. Vi-me gueixa.
Bandejas japonesas. Laca vermelha, flores de pessegueiro.
Esta manhã, quando acordei, com frio e pijama preto, olhei pela janela e me vi oriental. Com minhas roupas quentes e confortáveis. Ajoelhado sobre uma almofada, servindo ban-chá para o meu amor. Quente e doce. Vi-me gueixa.
Bandejas japonesas. Laca vermelha, flores de pessegueiro.
quinta-feira, 23 de maio de 2002
..........................Dica cultural da semana..........................
.......................................................................................
TOM, VINÍCIUS, TOQUINHO E MIUCHA – Este disco, gravado durante um show no Canecão, pode ser considerado como uma das obras primas da MPB. A deliciosa gravação de Tarde em Itapoã marcou minha infância; por isso não sosseguei até encontrar esse álbum em CD (Obrigado Dani!). Outra maravilha é a versão instrumental de Wave: absolutamente moderna! A construção deste arranjo é tão boa que podemos, sem exagero, ver seus ecos nos mestres do Samba Rock, o TRIO MOCOTÓ – mais especificamente em sua versão, igualmente instrumental, de Águas de Março. É swing puro, meu irmão!
..::::..
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
.......................................................................................
TOM, VINÍCIUS, TOQUINHO E MIUCHA – Este disco, gravado durante um show no Canecão, pode ser considerado como uma das obras primas da MPB. A deliciosa gravação de Tarde em Itapoã marcou minha infância; por isso não sosseguei até encontrar esse álbum em CD (Obrigado Dani!). Outra maravilha é a versão instrumental de Wave: absolutamente moderna! A construção deste arranjo é tão boa que podemos, sem exagero, ver seus ecos nos mestres do Samba Rock, o TRIO MOCOTÓ – mais especificamente em sua versão, igualmente instrumental, de Águas de Março. É swing puro, meu irmão!
..::::..
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Enquanto seu telefone não chega, meu Lindus, e a minha boca não pode ser a sua, faço do que sai da boca dos outros um espelho do que a sua faz.
you do something to me,
something that simply mystifies me.
tell me, why should it be
you have the pow’r to hypnotize me?
let me live ‘neath your spell,
to do that voodoo that you do so well,
for you do something to me
that nobody else can do.
(Cole Porter - Something To Me - refrão)
you do something to me,
something that simply mystifies me.
tell me, why should it be
you have the pow’r to hypnotize me?
let me live ‘neath your spell,
to do that voodoo that you do so well,
for you do something to me
that nobody else can do.
(Cole Porter - Something To Me - refrão)
quarta-feira, 22 de maio de 2002
Hoje, sentei para ver o estava passando na televisão e peguei o final de um filme muito trash; nem sei o nome dele. Parece que era a história de um casal, formado por uma lésbica e uma bissexual, que dá uma festa do pijama para as amigas heterossexuais que conhecem desde a infância. Na festa, se desenvolve a trama de seus problemas femininos. Blaaarrrrgggg! Foi tão horrível quanto parece.
Mas, o melhor, foi o filme que passou depois. É um filme francês, semi-musical, chamado Aquela Velha Canção (On connaît la chanson – 1997), dirigido por Alain Resnais.
-----------> Nesse filme, os diálogos das personagens são entremeado com pedaços de músicas; antigas e bregas!!!! Funciona assim: um cara canta uma mulher, ela responde que ele fala isso para todas, ele insiste, e, da boca dela, sai aquela velha canção: Parole, parole, parole....
Algumas cenas são hilárias, pois, na verdade, os atores não cantam, mas dublam as versões antigas das músicas. E, às vezes, uma mulher canta com uma voz masculina e vice-versa. Talvez esse seja uma opção divertida de filme para quem não quer compromissos com a vida. Mas, nunca assista junto de Les Parapluies de Cherbourg (direção: Jacques Demy - 1964)
– seriam canções demais...
Uma parte do filme que me tocou especialmente foi uma seqüência protagonizada pelas irmãs-mocinhas do filme e pelo pseudo-canalha.
Odille (a irmã mais velha) – Camille é o gênio da família. Estou muito orgulhosa, pois ela vai defender sua tese de doutorado dia 28.
O pseudo-canalha (não lembro seu nome) – É mesmo??? E sobre o que é?
Camille (a irmã mais nova, historiadora) Cansada de responder a esta pergunta e ver, em seguida, a cara de seu interlocutor virar um grande sinal de interrogação. – É sobre os cavaleiros do Lago (?), no ano mil. Mas, em quê que isso te interessa??!!??
O pseudo-canalha (não lembro seu nome) – Em nada. Perguntei por conveniência.
Camille (a irmã mais nova, historiadora) – Pois é, se não interessa, por que perguntou?
O pseudo-canalha (não lembro seu nome) – Para ser gentil.
E aí começa uma briga.
(diálogo re-inventado de acordo com o que a memória e a conveniência permitem)
Mais tarde, o namorado de Camille, o verdadeiro canalha: - Mas alguém se interessa por isso? Para que escrever sobre algo que não interessa a ninguém?
Mais tarde ainda, depois que ela defende sua tese – superbe! – e entra em depressão pós-parto, alguém se interessa por publicar o trabalho. E ela se pergunta: – Publicar algo que interessa a 15 pessoas???
Fora para servir de motivo para conversas entre Camille e um homem que é fascinado por ela, por história e que escreve dramas para o rádio (ou seja, que faz algo tão sem público quanto ela), me pareceu que a serventia dos cavaleiros do ano mil se restringia a agradar àquelas outras 15 pessoas, e a ser o orgulho do pai e da irmã desta mulher. 15 pessoas!!!! Se houvesse apenas uma, a própria Camille, que se interessasse por esta história, para mim, o trabalho já teria sua razão de existir. Ou não?
Outro destaque do filme é este quadro, que aparece no fundo de um bar, na cena do atropelamento do velhinho:
Alguém o reconhece???
No mais, o filme é bem divertido, e seu roteiro é daqueles que tomam caminhos sempre inesperados. Gostei.
Mas, o melhor, foi o filme que passou depois. É um filme francês, semi-musical, chamado Aquela Velha Canção (On connaît la chanson – 1997), dirigido por Alain Resnais.
-----------> Nesse filme, os diálogos das personagens são entremeado com pedaços de músicas; antigas e bregas!!!! Funciona assim: um cara canta uma mulher, ela responde que ele fala isso para todas, ele insiste, e, da boca dela, sai aquela velha canção: Parole, parole, parole....
Algumas cenas são hilárias, pois, na verdade, os atores não cantam, mas dublam as versões antigas das músicas. E, às vezes, uma mulher canta com uma voz masculina e vice-versa. Talvez esse seja uma opção divertida de filme para quem não quer compromissos com a vida. Mas, nunca assista junto de Les Parapluies de Cherbourg (direção: Jacques Demy - 1964)
– seriam canções demais...
Uma parte do filme que me tocou especialmente foi uma seqüência protagonizada pelas irmãs-mocinhas do filme e pelo pseudo-canalha.
Odille (a irmã mais velha) – Camille é o gênio da família. Estou muito orgulhosa, pois ela vai defender sua tese de doutorado dia 28.
O pseudo-canalha (não lembro seu nome) – É mesmo??? E sobre o que é?
Camille (a irmã mais nova, historiadora) Cansada de responder a esta pergunta e ver, em seguida, a cara de seu interlocutor virar um grande sinal de interrogação. – É sobre os cavaleiros do Lago (?), no ano mil. Mas, em quê que isso te interessa??!!??
O pseudo-canalha (não lembro seu nome) – Em nada. Perguntei por conveniência.
Camille (a irmã mais nova, historiadora) – Pois é, se não interessa, por que perguntou?
O pseudo-canalha (não lembro seu nome) – Para ser gentil.
E aí começa uma briga.
(diálogo re-inventado de acordo com o que a memória e a conveniência permitem)
Mais tarde, o namorado de Camille, o verdadeiro canalha: - Mas alguém se interessa por isso? Para que escrever sobre algo que não interessa a ninguém?
Mais tarde ainda, depois que ela defende sua tese – superbe! – e entra em depressão pós-parto, alguém se interessa por publicar o trabalho. E ela se pergunta: – Publicar algo que interessa a 15 pessoas???
Fora para servir de motivo para conversas entre Camille e um homem que é fascinado por ela, por história e que escreve dramas para o rádio (ou seja, que faz algo tão sem público quanto ela), me pareceu que a serventia dos cavaleiros do ano mil se restringia a agradar àquelas outras 15 pessoas, e a ser o orgulho do pai e da irmã desta mulher. 15 pessoas!!!! Se houvesse apenas uma, a própria Camille, que se interessasse por esta história, para mim, o trabalho já teria sua razão de existir. Ou não?
Outro destaque do filme é este quadro, que aparece no fundo de um bar, na cena do atropelamento do velhinho:
Alguém o reconhece???
No mais, o filme é bem divertido, e seu roteiro é daqueles que tomam caminhos sempre inesperados. Gostei.
segunda-feira, 20 de maio de 2002
Hoje, fui conhecer a nova casa de meu Lindus e suas comparsas. Uma delícia!! O clima do apartamento é ótimo, e todos estão felizes. E, apesar da efervescência barroca dos lustres, teto e banheiros, o amarelinho me faz lembrar de Adélia Prado.
Impressionista
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
Mas, ali, o sol está dentro da casa (não sei porque sempre acho que o pai do poema pintou a parte externa da casa). E, mais vale um sou interno que o céu claro... não é mesmo? Boa sorte para vocês!
Impressionista
Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.
Mas, ali, o sol está dentro da casa (não sei porque sempre acho que o pai do poema pintou a parte externa da casa). E, mais vale um sou interno que o céu claro... não é mesmo? Boa sorte para vocês!
Sábado, acordei com vontade de cantar uma música pro meu Lindus. Mas, fiquei na dúvida. O que cantar???
Em toda canção
O palhaço é um charlatão
Esparrama tanta gargalhada da boca pra fora...
(Edu Lobo e Chico Buarque - Valsa dos Clowns)
Ele vai me iluminando
Não iluminando
Um atalho sequer
Sei que ele vai me guiando
Guiando de mansinho
Pro caminho que eu quiser
Meu namorado
Meu namorado
Minha morada é onde for morar você...
(Edu Lobo e Chico Buarque – Meu Namorado)
Em toda canção
O palhaço é um charlatão
Esparrama tanta gargalhada da boca pra fora...
(Edu Lobo e Chico Buarque - Valsa dos Clowns)
Ele vai me iluminando
Não iluminando
Um atalho sequer
Sei que ele vai me guiando
Guiando de mansinho
Pro caminho que eu quiser
Meu namorado
Meu namorado
Minha morada é onde for morar você...
(Edu Lobo e Chico Buarque – Meu Namorado)
quinta-feira, 16 de maio de 2002
quarta-feira, 15 de maio de 2002
para uma garotinha católica, de cabelos devassos:
... tô te dizendo Matias, vi. ele falou alguma coisa? eu ia contar, mas notei que Matias não tinha interesse em ouvir, continuava cavando os buracos rente ao alambrado. e se você falasse com o padre Esteira? e tu achas que posso falar alguma coisa com um padre que se chama Esteira? posso quando muito deitar-me sobre ele. explica-me que o padre é de família quatrocentona, não tem os Prado também? pois Prado não é diferente de Esteira, também podes deitar-te sobre. em cima dos prados. mais confortável. que é humilde o tal Esteira. e que ele, sim, vê deus. e como é o deus dele? é luz, Vitório, é luz. tento explicar a Matias que luz é entropia. andei lendo sobre isso no Lupasco. he, cara complicado.Lupasco, é? antagonismo. é a palavra chave em Lupasco. meus antagônicos. antas e agonias. Jorge de Lima num poema: tu, minha anta. fiquei aparvalhado. mas refletindo, é bonito anta. é majestoso, roliço, palpável. Apalpar uma anta deve ser difícil. Apalpo meu coro cabeludo aquecido de sol. ...
(Hilda Hilst – Estar sendo. Ter sido.)
são antagônicos: antas e agonias.
... tô te dizendo Matias, vi. ele falou alguma coisa? eu ia contar, mas notei que Matias não tinha interesse em ouvir, continuava cavando os buracos rente ao alambrado. e se você falasse com o padre Esteira? e tu achas que posso falar alguma coisa com um padre que se chama Esteira? posso quando muito deitar-me sobre ele. explica-me que o padre é de família quatrocentona, não tem os Prado também? pois Prado não é diferente de Esteira, também podes deitar-te sobre. em cima dos prados. mais confortável. que é humilde o tal Esteira. e que ele, sim, vê deus. e como é o deus dele? é luz, Vitório, é luz. tento explicar a Matias que luz é entropia. andei lendo sobre isso no Lupasco. he, cara complicado.Lupasco, é? antagonismo. é a palavra chave em Lupasco. meus antagônicos. antas e agonias. Jorge de Lima num poema: tu, minha anta. fiquei aparvalhado. mas refletindo, é bonito anta. é majestoso, roliço, palpável. Apalpar uma anta deve ser difícil. Apalpo meu coro cabeludo aquecido de sol. ...
(Hilda Hilst – Estar sendo. Ter sido.)
são antagônicos: antas e agonias.
Ora pois, vejam só. E não é que a G.H., além de divertidíssima, pôs-se de verdadeira mãe? Até bolos de cenouras veio a fazer... pois, de senhoras bastam os bolos. Às queijadas, dão lugar os queixumes.
E, o amor materno que esta garota alta, bonita e séria, tem pelo Linus é um mais que audível chamado das entranhas:
E, o amor materno que esta garota alta, bonita e séria, tem pelo Linus é um mais que audível chamado das entranhas:
segunda-feira, 13 de maio de 2002
Ainda sobre o mesmo tema (o nº 2, o silêncio).
O Silêncio
Há um grande silêncio que está sempre à escuta...
E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa, qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!
E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o silêncio escuta...
e cala.
(Mario Quintana – Esconderijos do Tempo)
O Silêncio
Há um grande silêncio que está sempre à escuta...
E a gente se põe a dizer inquietamente qualquer coisa, qualquer coisa, seja o que for,
desde a corriqueira dúvida sobre se chove ou não chove hoje
até a tua dúvida metafísica, Hamleto!
E, por todo o sempre, enquanto a gente fala, fala, fala
o silêncio escuta...
e cala.
(Mario Quintana – Esconderijos do Tempo)
A cada dia descubro que mais pessoas realmente lêem isso aqui. Que coisa, né? Mas, o mais engraçado é que nós, eu e meus sábios amigos, temos mantido conversas através dos blogs. Um manda um recado pelo seu blog, o outro responde no próprio blog. Nada de e-mail ou comunicações mais diretas. Isso é legal! A gente passa a ler uns aos outros cada vez mais. E quem está de fora pode acompanhar os assuntos, passeando pelos blogs.
Isso aqui tem ficado muito íntimo. Mais do que eu esperava. É que estou tomado pelo impulso de pensar a vida e as relações. Pensar como as vidas das pessoas se conectam; as ligações, com seus aspectos mais ou menos interessantes. Talvez isso seja reflexo das mudanças em minha vida; o que contrasta com a permanência das pessoas, e me emociona. Talvez seja pelo surgimento de novos interesses, gerados por uma nova vida, novos amigos, um novo amor. Talvez seja a retomada de interesses meus, já antigos, que renascem, mais velhos, em mim mais velho. Talvez seja só um momento. Só. Mas, penso. E apenas espero não ultrapassar o limite de quem lê.
domingo, 12 de maio de 2002
Já que estou no meio desta enxurrada de dedicatórias – e com Divinópolis na cabeça -, dedico, a todos os visitantes da janela, um poema.
Momento
Enquanto eu fiquei alegre, permaneceram
um bule azul com um descascado no bico,
uma garrafa de pimenta pelo meio,
um latido e um céu limpidíssimo
com recém-feitas estrelas.
Resistiram nos seus lugares, em seus ofícios,
constituindo o mundo para mim, anteparo
para o que foi um acontecimento:
súbito é bom ter um corpo pra rir
e sacudir a cabeça. A vida é mais tempo
alegre do que triste. Melhor é ser.
(Adélia Prado – Bagagem)
Momento
Enquanto eu fiquei alegre, permaneceram
um bule azul com um descascado no bico,
uma garrafa de pimenta pelo meio,
um latido e um céu limpidíssimo
com recém-feitas estrelas.
Resistiram nos seus lugares, em seus ofícios,
constituindo o mundo para mim, anteparo
para o que foi um acontecimento:
súbito é bom ter um corpo pra rir
e sacudir a cabeça. A vida é mais tempo
alegre do que triste. Melhor é ser.
(Adélia Prado – Bagagem)
_________________ ...:: ::... _________________
Só para não deixar passar em branco. No nosso aniversário, o Linus me presenteou com um jantar num restaurante francês. Um restaurante muito agradável, um ótimo atendimento, uma comida excelente; assim começou a noite. Memorável. Animados pelo vinho e empolgados pelas bailarinas de Toulouse-Lautrec, houve espaço até para uns beijinhos. Depois, ... bom, depois passamos para mais uma modalidade de nosso tema nº 2: O Silêncio. Evoco Adélia Prado (Bagagem).
Uma vez visto
Para o homem com a flauta,
sua boca e mãos,
eu fico calada.
Me viro em dócil,
sábia de fazer com veludos
uma caixa.
O homem com a flauta é meu susto pênsil
que nunca vou explicar,
porque flauta é flauta,
boca é boca,
mão é mão.
Como os ratos da fábula eu o sigo
roendo inroível amor.
O homem com a flauta existe?
._____________________________________________________.
Só para não deixar passar em branco. No nosso aniversário, o Linus me presenteou com um jantar num restaurante francês. Um restaurante muito agradável, um ótimo atendimento, uma comida excelente; assim começou a noite. Memorável. Animados pelo vinho e empolgados pelas bailarinas de Toulouse-Lautrec, houve espaço até para uns beijinhos. Depois, ... bom, depois passamos para mais uma modalidade de nosso tema nº 2: O Silêncio. Evoco Adélia Prado (Bagagem).
Uma vez visto
Para o homem com a flauta,
sua boca e mãos,
eu fico calada.
Me viro em dócil,
sábia de fazer com veludos
uma caixa.
O homem com a flauta é meu susto pênsil
que nunca vou explicar,
porque flauta é flauta,
boca é boca,
mão é mão.
Como os ratos da fábula eu o sigo
roendo inroível amor.
O homem com a flauta existe?
._____________________________________________________.
A Mel andou chorando, de tão feliz-tão triste. Chorar faz bem, e um sorriso bem mais. Descontrole, só como estilo. E eu, retribuo as figuinhas com um poema.
Grande Desejo
Não sou matrona, mãe dos Gracos, Cornélia,
sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.
Faço comida e como.
Aos domingos bato o osso no prato pra chamar o cachorro
e atiro os restos.
Quando dói, grito ai,
quando é bom, fico bruta,
as sensibilidades sem governo.
Mas tenho meus prantos,
claridades atrás do estômago humilde
e fortíssima voz para cânticos de festa.
Quando escrever um livro com o meu nome
e o nome que eu vou pôr nele, vou com ele a uma igreja,
a uma lápide, a um descampado,
para chorar, chorar e chorar,
requintada e esquisita como uma dama.
(Adélia Prado – Bagagem)
Grande Desejo
Não sou matrona, mãe dos Gracos, Cornélia,
sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia.
Faço comida e como.
Aos domingos bato o osso no prato pra chamar o cachorro
e atiro os restos.
Quando dói, grito ai,
quando é bom, fico bruta,
as sensibilidades sem governo.
Mas tenho meus prantos,
claridades atrás do estômago humilde
e fortíssima voz para cânticos de festa.
Quando escrever um livro com o meu nome
e o nome que eu vou pôr nele, vou com ele a uma igreja,
a uma lápide, a um descampado,
para chorar, chorar e chorar,
requintada e esquisita como uma dama.
(Adélia Prado – Bagagem)
Apesar de hoje ser dia das mães, o presente vai para o irmão distante. Por algum milagre da alta tecnologia, tivemos uma grande conferência familiar pela net; data esta que marcou a iniciação da Mamãe Slu como internauta. Até o Rodd e o Kako apareceram. Bom, como Mamãe Slu sempre diz: É isso aí meu irmão!
Noturno
O gato, que mora no mundo para sempre perdido do cinema silencioso, atravessa o país do tapete, onde se abrem flores falsamente tropicais.
No pé da escada, por força do hábito, a avozinha morta começa a tricotar mais um pulôver.
Por trás de suas barbas, no retrato da parede, o olhar do avô indaga: - Para quê?
De repente, na copa, o refrigerador compõe ruidosamente a garganta, enquanto estremecem de medo os frágeis habitantes do porta-cristais: - Meu Deus, meu Deus, ele agora vai fazer um discurso!
(Mario Quintana – Esconderijos do Tempo)
Essa dona aí é a América (na verdade, ela é um fragmento de uma Alegoria da América realizada por Phillipe Galle e Marcus Gheeraerts, entre 1590 e 1600). A cara dela é a de quem acabou de se levantar da cadeira por conta do impulso de uma grande descoberta. Ela é uma ótima tradução para o que a gente sente quando reconhecemos uma nova idéia, daquelas que podem revolucionar os caminhos da ciência e do mundo. Por isso, resolvi inventar uma sessão para esse blog, que se chamará Descobri a América. Assim, quando essa mocinha aparecer de novo, grite: Eureca!
Nada como um exemplo para deixar as coisas claras:
Para melhor despir os camarões de seu solene fraque, lave-os, mergulhe-os em água e retire-os quando a água ameaçar ferver (ou quando, pressentindo a iminente nudez, eles ficarem rubros de vergonha). Assim, perde-se menos carne do que quando são limpos crus.
Resfrie-os sob a torneira e retire o fraque, a começar pela cabeça. Na cauda, quebre delicadamente a casca firmando as unhas dos polegares, de modo a retira-las sem mutilar o crustáceo.
(Frei Beto - Comer como um Frade)
sexta-feira, 10 de maio de 2002
quarta-feira, 8 de maio de 2002
segunda-feira, 6 de maio de 2002
Já que sou um blogger incipiente, aqui está meu canal de contato.
Você está cansado de todo esta trabalheira? De ter visitar uma mesa espírita cada vez que precisa falar com o Boli???
Seus problemas acabaram! Basta!!!! Chegou agora o Boli-mail, uma fácil e moderna forma de contato com o além da janela. Basta enviar sua mensagem para o endereço que aparece na sua tela:
reneboliblog@hotmail.com
..:: envie já ::..
..:: envie já ::..
Mas não envie ainda! Quem enviar a primeira mensagem ganhará um lindo prêmio: Minha eterna gratidão!!
..:: envie já ::..
..:: envie já ::..
O que você está esperando? Envie sua mensagem para:
reneboliblog@hotmail.com
..:: envie já ::..
..:: envie já ::..
Você está cansado de todo esta trabalheira? De ter visitar uma mesa espírita cada vez que precisa falar com o Boli???
Seus problemas acabaram! Basta!!!! Chegou agora o Boli-mail, uma fácil e moderna forma de contato com o além da janela. Basta enviar sua mensagem para o endereço que aparece na sua tela:
reneboliblog@hotmail.com
..:: envie já ::..
..:: envie já ::..
Mas não envie ainda! Quem enviar a primeira mensagem ganhará um lindo prêmio: Minha eterna gratidão!!
..:: envie já ::..
..:: envie já ::..
O que você está esperando? Envie sua mensagem para:
reneboliblog@hotmail.com
..:: envie já ::..
..:: envie já ::..
Respondendo às críticas de Rodd:
Sim, meu blog está mais íntimo do que eu esperava. Mas, fora alguns recadinhos específicos (como aquele das bochechas da Mel Carentona), acredito que tudo o que está aqui poderá servir para que eu e "meus" visitantes pensem a respeito da vida. E busquem melhorá-la. Estou tentando evitar que este lugar sirva de muro das lamentações (o Linus disse que muitos blogs são pura reclamação, e eu acabei de constatar isso quando entrei num que começava com a frase I hate myself). Ou então que vire a Casa dos Altistas, que só falam de si e para si; e que também só pensam no próprio sexo.
Quanto à exposição da minha sexualidade... repito tudo acima (menos o I hate myself). Isso explica tudo??
Agora, a minha pergunta:
Você já fez seu blog hoje??? - Hehehe... foi brincadeira; e uma pressãozinha de leve.
Sim, meu blog está mais íntimo do que eu esperava. Mas, fora alguns recadinhos específicos (como aquele das bochechas da Mel Carentona), acredito que tudo o que está aqui poderá servir para que eu e "meus" visitantes pensem a respeito da vida. E busquem melhorá-la. Estou tentando evitar que este lugar sirva de muro das lamentações (o Linus disse que muitos blogs são pura reclamação, e eu acabei de constatar isso quando entrei num que começava com a frase I hate myself). Ou então que vire a Casa dos Altistas, que só falam de si e para si; e que também só pensam no próprio sexo.
Quanto à exposição da minha sexualidade... repito tudo acima (menos o I hate myself). Isso explica tudo??
Agora, a minha pergunta:
Você já fez seu blog hoje??? - Hehehe... foi brincadeira; e uma pressãozinha de leve.
Bom, hoje é dia de festa: aniversário de namoro. Êêêêêhhhh!!! O dia promete. Por enquanto tenho pouco a dizer sobre isso:
Estávamos conversando, eu e o Linus, sobre as palavras. Mais especificamente acerca daquelas palavras que usamos para emitir nossas impressões sobre os relacionamentos em que nos metemos. E ele me disse que preferia o silêncio, e que muitas vezes as palavras enganam. Respondi: É... mas, às vezes, as coisas precisam ser bem marcadas. Caso contrário, a vida fica indefinida, e um pouco sem sabor. As pessoas precisam saber o representam uma para a outra. O contra-argumento dele foi convincente: basta entender os gestos.
Linus, com você re-aprendi o valor do silêncio. E, mais que isso, a entender a linguagem cifrada dos gestos; a não usar somente as palavras, sobretudo as fortes, para me expressar. Mas, em uma coisa ainda acredito: é preciso deixar marcas, não apagar nossas pegadas.
Só que, para nos imprimirmos nos outros e nas coisas, devemos ter delicadeza. Escolher o momento. Usar a palavra e o gesto mais precisos; e não fazer das marcas algo banal, que perca seu sentido pela repetição cotidiana, ou que faça submergirem os outros e as coisas sob os escombros espalhados de nós.
Espero alcançar um lugar, em seu corpo e memória, onde minha marca permaneça como a presença de um anjo: leve, etérea, quase invisível, mas presente – quando necessária ou prazerosa.
Estávamos conversando, eu e o Linus, sobre as palavras. Mais especificamente acerca daquelas palavras que usamos para emitir nossas impressões sobre os relacionamentos em que nos metemos. E ele me disse que preferia o silêncio, e que muitas vezes as palavras enganam. Respondi: É... mas, às vezes, as coisas precisam ser bem marcadas. Caso contrário, a vida fica indefinida, e um pouco sem sabor. As pessoas precisam saber o representam uma para a outra. O contra-argumento dele foi convincente: basta entender os gestos.
Linus, com você re-aprendi o valor do silêncio. E, mais que isso, a entender a linguagem cifrada dos gestos; a não usar somente as palavras, sobretudo as fortes, para me expressar. Mas, em uma coisa ainda acredito: é preciso deixar marcas, não apagar nossas pegadas.
Só que, para nos imprimirmos nos outros e nas coisas, devemos ter delicadeza. Escolher o momento. Usar a palavra e o gesto mais precisos; e não fazer das marcas algo banal, que perca seu sentido pela repetição cotidiana, ou que faça submergirem os outros e as coisas sob os escombros espalhados de nós.
Espero alcançar um lugar, em seu corpo e memória, onde minha marca permaneça como a presença de um anjo: leve, etérea, quase invisível, mas presente – quando necessária ou prazerosa.
Acabei de ver uma notinha muito simpática sobre meu pseudo-blog no blog profissional da G.H.. Adorei!
Mas ainda acho estranho ser "comentado" por alguém... Minha reposta pra G.H.: Socoooooooorrrrooooooooo!!! Preciso de sua ajuda pra fazer isso aqui ficar legalzin.
O Linus também falou de mim! Oba!!! Mas, por você, prefiro ser lembrado pelo outro nome, pode ser???
Como ainda não sei postar links, aqui estão os endereços dos mais sábios e divertidos blogs dos meus amigos inspiradores:
www.linusboy.blogspot.com
www.atrasdosolhos.blogspot.com
www.melbianco.blogspot.com
(PS: continuo aguardando a criação do blog do Rodd - com ele, As Melhores da Semana ficarão bem melhores!)
(PS do PS: viu Rodd, que você mudou de status, mas não de importância?)
Mas ainda acho estranho ser "comentado" por alguém... Minha reposta pra G.H.: Socoooooooorrrrooooooooo!!! Preciso de sua ajuda pra fazer isso aqui ficar legalzin.
O Linus também falou de mim! Oba!!! Mas, por você, prefiro ser lembrado pelo outro nome, pode ser???
Como ainda não sei postar links, aqui estão os endereços dos mais sábios e divertidos blogs dos meus amigos inspiradores:
www.linusboy.blogspot.com
www.atrasdosolhos.blogspot.com
www.melbianco.blogspot.com
(PS: continuo aguardando a criação do blog do Rodd - com ele, As Melhores da Semana ficarão bem melhores!)
(PS do PS: viu Rodd, que você mudou de status, mas não de importância?)
domingo, 5 de maio de 2002
Lindo, sobre o nosso desencontro:
Cabe uma explicanção sobre o que senti:
Minha voz ficou na espreita, na espera
Quem dera abrir meu peito
Cantar feliz
Preparei para você uma lua cheia
E você não veio
E você não quis
Meu violão ficou tão triste, pudera
Quisera abrir janelas
Fazer serão
Mas você me navegou
Mares tão diversos
E eu fiquei sem versos
E eu fiquei em vão
Mas, tudo passou e continuamos felizes, juntos.
Sobrou desse nosso desencontro
Um conto de amor
Sem ponto final
Retrato sem cor
Jogado aos meus pés
E saudades fúteis
Saudades frágeis
Meros papéis
(Lua Cheia e Desencontro, Chico Buarque)
Cabe uma explicanção sobre o que senti:
Minha voz ficou na espreita, na espera
Quem dera abrir meu peito
Cantar feliz
Preparei para você uma lua cheia
E você não veio
E você não quis
Meu violão ficou tão triste, pudera
Quisera abrir janelas
Fazer serão
Mas você me navegou
Mares tão diversos
E eu fiquei sem versos
E eu fiquei em vão
Mas, tudo passou e continuamos felizes, juntos.
Sobrou desse nosso desencontro
Um conto de amor
Sem ponto final
Retrato sem cor
Jogado aos meus pés
E saudades fúteis
Saudades frágeis
Meros papéis
(Lua Cheia e Desencontro, Chico Buarque)
Sobre o Adeus
Prefiro que eu mesmo vá embora. A cada vez, quando quem parte é ele, o meu Lindus, tenho medo de que seja pra sempre. Que ele não volte. E, na janela, fico triste. Como na música de minha amiga Regina Freitas (em parceria com sua irmã Lúcia).
Dentada de Banguela
Tudo era contra tua ausência
Até o criado-mudo reclamou
E num acesso de incoerência
Até o pé da mesa me chutou
Com as notas que eu cantei
pra te chamar
Não pude pagar nem o aluguel
Na minha batucada sem cadência
O canto desse quarto se calou
Quis me afogar num copo d’água
E o braço da cadeira me puxou
(...)
Cega de saudades te enxerguei
E beijei a boca do fogão
(...)
Mas se também não voltares
Irei me eternizar numa janela
Pois saiba que a tua partida
Doeu que nem dentada de banguela
Doeu que nem dentada de banguela
(PS: Disse meu pai que a avó dele – que era banguela – , ao invés de bater nas crianças, mordia. ... e a dor era indescritível! Bem feito, vai brincar com o que não deve, dá nisso.)
Prefiro que eu mesmo vá embora. A cada vez, quando quem parte é ele, o meu Lindus, tenho medo de que seja pra sempre. Que ele não volte. E, na janela, fico triste. Como na música de minha amiga Regina Freitas (em parceria com sua irmã Lúcia).
Dentada de Banguela
Tudo era contra tua ausência
Até o criado-mudo reclamou
E num acesso de incoerência
Até o pé da mesa me chutou
Com as notas que eu cantei
pra te chamar
Não pude pagar nem o aluguel
Na minha batucada sem cadência
O canto desse quarto se calou
Quis me afogar num copo d’água
E o braço da cadeira me puxou
(...)
Cega de saudades te enxerguei
E beijei a boca do fogão
(...)
Mas se também não voltares
Irei me eternizar numa janela
Pois saiba que a tua partida
Doeu que nem dentada de banguela
Doeu que nem dentada de banguela
(PS: Disse meu pai que a avó dele – que era banguela – , ao invés de bater nas crianças, mordia. ... e a dor era indescritível! Bem feito, vai brincar com o que não deve, dá nisso.)
Acho que no final esse blog vai ficar com a cara de um blog-normal: citação de poesias, letras de música, comentários de filmes, etc. e reticências... Será isso uma questão de gênero (gênero blog)? Será que esse gênero blog vai detonar com meu estilo (que é mais blerg que blog)?
Bom, mas já que é assim, vamos lá:
Dica cultural da semana
(dentro do tema nº 1: Da janela)
CHICO BUARQUE: Ele é conhecido como um dos maiores compositores brasileiros (isso todos sabem) – de fato, é o meu preferido. E, para minha mãe, o mais bonito também – apesar de que quando o vi pessoalmente fiquei petrificado com visão do mais feio nariz do mundo. Na sua obra, o tema da janela aparece ligado à imagem da mulher domesticada e enclausurada, afastada da vida pública, e da rua. ... suas personagens femininas estão com freqüência na janela e, portanto, na posição de quem fica à margem das coisas, vendo a vida e a banda passarem. – diz Adélia Menezes em Figuras do Feminino na Canção de Chico Buarque. E os leitores de Gilberto Freyre poderão reconhecer esta janela como parte da genética cultural brasileira. Mas eu acho que ela, a Adélia, se esqueceu de umas coisas: é pela janela que surgem a estrela de uma esperança, a nutrir essas mulheres; é também por onde são vistas as belezas da vida (que estão em seus dois lados); e por onde vazam tão íntimos sentimentos, que se tornam de todos e dotam a vida de sentido.
Ela e sua janela
Chico Buarque 1966
Ela e sua menina
Ela e seu tricô
Ela e sua janela, espiando
Com tanta moça aí
Na rua o seu amor
Só pode estar dançando
Da sua janela
Imagina ela
Por onde ele anda
E ela vai talvez
Sair uma vez
Na varanda
Ela e um fogareiro
Ela e seu calor
Ela e sua janela, esperando
Com tão pouco dinheiro
Será que o seu amor
Ainda está jogando
Da sua janela
Uma vaga estrela
E um pedaço de lua
E ela vai talvez
Sair outra vez
Na rua
Ela e seu castigo
Ela e seu penar
Ela e sua janela, querendo
Com tanto velho amigo
O seu amor num bar
Só pode estar bebendo
Mas outro moreno
Joga um novo aceno
E uma jura fingida
E ela vai talvez
Viver duma vez
A vida
Bom, mas já que é assim, vamos lá:
Dica cultural da semana
(dentro do tema nº 1: Da janela)
CHICO BUARQUE: Ele é conhecido como um dos maiores compositores brasileiros (isso todos sabem) – de fato, é o meu preferido. E, para minha mãe, o mais bonito também – apesar de que quando o vi pessoalmente fiquei petrificado com visão do mais feio nariz do mundo. Na sua obra, o tema da janela aparece ligado à imagem da mulher domesticada e enclausurada, afastada da vida pública, e da rua. ... suas personagens femininas estão com freqüência na janela e, portanto, na posição de quem fica à margem das coisas, vendo a vida e a banda passarem. – diz Adélia Menezes em Figuras do Feminino na Canção de Chico Buarque. E os leitores de Gilberto Freyre poderão reconhecer esta janela como parte da genética cultural brasileira. Mas eu acho que ela, a Adélia, se esqueceu de umas coisas: é pela janela que surgem a estrela de uma esperança, a nutrir essas mulheres; é também por onde são vistas as belezas da vida (que estão em seus dois lados); e por onde vazam tão íntimos sentimentos, que se tornam de todos e dotam a vida de sentido.
Ela e sua janela
Chico Buarque 1966
Ela e sua menina
Ela e seu tricô
Ela e sua janela, espiando
Com tanta moça aí
Na rua o seu amor
Só pode estar dançando
Da sua janela
Imagina ela
Por onde ele anda
E ela vai talvez
Sair uma vez
Na varanda
Ela e um fogareiro
Ela e seu calor
Ela e sua janela, esperando
Com tão pouco dinheiro
Será que o seu amor
Ainda está jogando
Da sua janela
Uma vaga estrela
E um pedaço de lua
E ela vai talvez
Sair outra vez
Na rua
Ela e seu castigo
Ela e seu penar
Ela e sua janela, querendo
Com tanto velho amigo
O seu amor num bar
Só pode estar bebendo
Mas outro moreno
Joga um novo aceno
E uma jura fingida
E ela vai talvez
Viver duma vez
A vida
Da janela... esse blog nasceu de um feliz encontro. Um dia minha cabeça disparou. Enquanto estava num ônibus, sem papel, caneta ou afins, ela começou a falar por si própria. Ficou assim, me contando coisas... na verdade, contando não, mas escrevendo. Eram textos inteiros; nem bonitos, nem feios, nem mesmo muito bons, mas completos, daqueles que a gente sempre tenta por no papel para dividir com os outros.
Dividir! Mas como? Chegando onde eu era esperado (por pessoas que muito admiro), encontrei um lugar, uma forma de compartilhar. Estas pessoas, sábias e divertidas, estavam lendo seus blogs. Foi assim...
Mas, uma nota ainda cabe nesta certidão de nascimento. Para quê veio ao mundo esta janela? Compartilhar meus textos-pensamentos, já o disse. Mas para além disto está a intenção de tornar públicos alguns dos meus mais íntimos e privados interesses, pensamentos e emoções. Não se trata de expor minha intimidade à íntima curiosidade dos outros, mas sim de gerar um espaço onde aquilo que me diz respeito vai de encontro à vida dos outros, criando uma ponte que nos une, um espaço de contato. Assim, não esperem que este seja um diário de minha vida particular! Nem mesmo algo totalmente impessoal. Somente um ponto onde possamos nos encontrar e, quem sabe, as coisas transformar.
Dividir! Mas como? Chegando onde eu era esperado (por pessoas que muito admiro), encontrei um lugar, uma forma de compartilhar. Estas pessoas, sábias e divertidas, estavam lendo seus blogs. Foi assim...
Mas, uma nota ainda cabe nesta certidão de nascimento. Para quê veio ao mundo esta janela? Compartilhar meus textos-pensamentos, já o disse. Mas para além disto está a intenção de tornar públicos alguns dos meus mais íntimos e privados interesses, pensamentos e emoções. Não se trata de expor minha intimidade à íntima curiosidade dos outros, mas sim de gerar um espaço onde aquilo que me diz respeito vai de encontro à vida dos outros, criando uma ponte que nos une, um espaço de contato. Assim, não esperem que este seja um diário de minha vida particular! Nem mesmo algo totalmente impessoal. Somente um ponto onde possamos nos encontrar e, quem sabe, as coisas transformar.
Assinar:
Postagens (Atom)